Alemanha, um país que não tolera preconceito contra minorias, um país que tem por costume criticar a impunidade de seus co-irmãos europeus contra a discriminação racial – vivenciou neste último final de semana um caso em seu próprio meio esportivo.

Durante a partida da Segunda Divisão da Bundesliga entre o TSV Munique 1860 e o FC Ingolstadt, realizada no domingo (18.08.2013) na Allianz Arena em Munique, alguns (poucos) torcedores do time da casa entoaram cantos racistas para o zagueiro Danny da Costa. Além disso, em cada cobrança de lateral efetuada por da Costa, os mesmos torcedores imitavam urros de macacos.

O jovem de 20 anos, filho de mãe congolesa e pai angolano, nasceu na Alemanha e atua pela seleção sub-21. “Eu sou um exemplo de integração social bem sucedida. E ter que ouvir este tipo de coisa é totalmente surreal. Para mim, estes torcedores são apenas uns idiotas que usam o estádio de futebol como palco para as suas idiotices”, lamentou da Costa.   

A partida chegou a ser interrompida pelo árbitro Florian Meyer e o locutor do estádio tentou acalmar os torcedores, mas com pouco êxito. A entidade que comanda o Campeonato Alemão (DFL), foi notificada através da súmula do jogo e promete investigar a fundo e tomar medidas severas. Um dos indivíduos inclusive já foi identificado, indiciado e está proibido de frequentar estádios de futebol.

Danny da Costa em ação pelo FC Ingolstadt contra o Munique 1860

O caso, porém, choca a comunidade alemã. Evidentemente que a repercussão do preconceito sofrido, e da reação tomada, pelo jogador ganês Kevin-Prince Boateng, que em janeiro deste ano abandonou o gramado em um amistoso do Milan da Itália, é muito maior. Mas a Alemanha, que sempre se via imune a tais manifestações em público, vê o tema tomar as manchetes da cobertura esportiva.

Gerald Asamoah, ex-jogador da seleção da Alemanha e descendente de ganeses, lamentou a indiferença na sociedade: “Agora estamos falando sobre isso. Como sempre, quando algo acontece. Mas este tema está sempre presente. E fazemos algo contra este problema? Não!”

Poucos mostram a tal da coragem cívica. Um colega de equipe de Danny da Costa não titubeou. Depois da partida, ainda nos vestiários, o zagueiro Ralph Gunesch deicidiu publicar sua revolta na rede social Facebook. “Eu escrevi o texto e mostrei ao Danny. Ele disse que achou bom e agradeceu. E eu postei”.

O post de Gunesch: “Xingar um jogador de pele escura de negro de me***a e volte para a floresta, além de imitar urros de macacos, apenas mostra que o QI de vocês é equiparável ao QI de um pão torrado. Racismo não é opinião, é crime!”

A mensagem está dada e está na hora de as autoridades alemãs olharem para a própria sociedade…